Família

O que é Alienação Parental e o que fazer?

Escrito por Cláudia Pereira

Frequentemente presente em situações de divórcio, mas existente noutros contextos, a alienação parental prejudica a criança a nível emocional e psicológico. Saiba o que é a alienação parental, quais os principais sinais e como agir para proteger os mais pequenos.


O que é a Alienação Parental?

Quando um dos progenitores desmoraliza intencionalmente o outro, sem que este tenha demonstrado algum tipo de comportamento que o justifique, estamos perante o fenómeno da alienação parental. Basicamente, é um conjunto de ações praticadas por um dos pais com a intenção de denegrir a imagem do outro e excluir a sua presença da vida do filho.

As situações mais frequentes de alienação parental estão associados ao divórcio, especialmente nos casos em que não é amigável e existem sentimentos desagradáveis e vingativos. Se um dos pais não consegue lidar bem com esses sentimentos que surgem no processo da separação, pode utilizar a criança como instrumento da agressividade direcionada ao ex-cônjuge.

A alienação parental pode ser considerada como maus tratos infantis, na medida em que a criança sofre abuso emocional e psicológico através das diversas estratégias manipulativas que um dos pais exerce sobre ela. Há lugar ao fortalecimento do relacionamento com o progenitor com quem a criança vive, enquanto se deteriora o vínculo com o outro progenitor. Visitas ao progenitor que não vive com os filhos tornam-se mais complicadas, assim como aos restantes membros da família, como avós ou tios. Normalmente a criança não consegue pensar por si própria, repetindo frases e comportamentos que aprendeu com quem vive.

Como a Criança se sente?

Como consequência da alienação, a criança interage menos tempo com o pai ou a mãe alienados e apresenta alguns sinais que a sua saúde emocional não está bem:

  • Fica doente com mais frequência;
  • Sente-se deprimida ou mais ansiosa que o habitual;
  • Demonstra tristeza e choro;
  • Manifesta comportamentos agressivos;
  • Apresenta baixa auto-estima, pois sente que a fonte do conflito.

Sinais de Alienação Parental

Embora não seja um fenómeno recente, a alienação parental foi descrita pela primeira vez pelo psiquiatra Richard Garner em 1985. Este profissional, que se dedicou ao estudo desta problemática, identificou alguns sinais típicos dos pais:

  • Desvalorizar e insultar o outro progenitor na presença dos filhos;
  • Culpar o outro progenitor pelo mau comportamento dos filhos;
  • Recusa em passar as chamadas telefónicas aos filhos;
  • Organizar atividades com os filhos durante o período em que o outro pai está com os filhos;
  • Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro pai;
  • Interceptar presentes, cartas ou outro tipo de comunicação, fazendo crer que o outro pai não pensa na criança e não se preocupa com ela;
  • Eliminação de recordações que evoquem momentos felizes (fotografias, vídeos e outros);
  • Obrigar a criança a tomar partido e a escolher entre um e outro;
  • Controlar os tempos passados na casa do outro progenitor.

Em situações mais extremas, pode haver lugar a falsas acusações de violência doméstica ou abuso sexual  e mesmo rapto, para afastar emocional e fisicamente o filho do progenitor.

Alienação Parental: o que fazer?

Lidar com alienação parental não é fácil, especialmente se for o progenitor alienado. Mas existem algumas ações que podem ser tomadas, para ir na direção da resolução do problema:

  • Mantenha o canal de comunicação aberto com o seu filho;
  • Trate com respeito o outro progenitor, mesmo quando sabe que está a fazer tudo para o denegrir;
  • Recorra a mediação parental, como advogados, mediadores ou outros profissionais;
  • Encontre apoio psicológico para a criança;
  • Insista nos seus deveres como pai ou mãe (esteja presente, faça atividades com os seus filhos, cumpra promessas…);
  • Em última instância recorra aos tribunais para resolver a questão.

Sobre o Autor

Cláudia Pereira

Educadora Social, formadora certificada, especialista em educação, dificuldades de aprendizagem e necessidades educativas especiais.
Empreendedora digital, criativa e apaixonada por criar conteúdo útil e prático para pais e profissionais.